domingo, 28 de fevereiro de 2010

O Monstro das Festinhas


"Tão contente que fiquei
O meu coração deu um salto.
E eu abri a bocarra e gritei
Muito, muito, muito alto:
Festinhas na barriga,
Festinhas no nariz,
Com muitas festinhas
Eu fico feliz!"



"Esta é uma história escrita em rima, sobre um Monstro quenão é mau e que o maior desejo que tem é... que lhe façam festinhas! Um livro sobre carências, afectos e amor.


Para ler em voz alta ou segredar ao coração."


ADOREI esta história! É muito divertida e toca-nos realmente o coração.

Os mais pequeninos deliram e, uma vez que a ouvem, fica-lhes na memória e não param de pedir para repetir o conto da história (falo por experiência própria!).

É engraçado observar a facilidade com que se apaixonam pelo Monstro das Festinhas!

E a ilustração...meu Deus! Enche-nos....a cor, a expressão...LINDA! (eu sou suspeita...porque a Carla é a minha ilustradora preferida! lol)

Para aqueles que não conhecem os trabalhos da Carla Antunes, não sabem o que estão a perder!

Costuma dizer-se que os olhos são o espelho da alma... eu não me engano muito ao dizer que as suas ilustrações podem muito bem ser o espelho do seu coração!

Ela ilustra realmente com todo o amor e carinho do seu coração! (Parabéns Carla!)

Não deixem de comprar o livro...vale mesmo a pena!

Deixo-vos aqui estes sites (é só clicar no sublinhado):

...para quem quizer saber um pouco mais acerca do trabalho da Carla Antunes

... e para quem quizer trabalhar esta história com as suas crianças, algumas sugestões de actividades

...para todos "festinhas na barriga" e "um beijinho na ponta do nariz"! :)

Os Direitos das Crianças

Há muito tempo que não venho aqui...mas hoje arranjei um bocadinho para vir partilhar convosco um poema lindo de Matilde Rosa Araújo.


....para ler com alma e guardar no coração....


OS DIREITOS DAS CRIANÇAS

A criança,
Toda a criança.
Seja de que raça for,
Seja negra, branca,vermelha, amarela,
Seja rapariga ou rapaz.
Fale que língua falar,
Acredite no que acreditar,
Pense o que pensar,
Tenha nascido seja onde for,
Ela te direito...

... a ser para o Homem a
Razão primeira da sua luta.
O Homem vai proteger a criança
Com leis, ternura, cuidados
Que a tornem livre, feliz,
Pois só é livre, feliz
Quem pode deixar crescer
Um corpo são,
Quem pode deixar descobrir
Livremente
O coração
E o pensamento.
Este nascer e crescer e viver assim
Chama-se dignidade.
E em dignidade vamos
Querer que a criança
Nasça,
Cresça,
Viva...

...e a criança nasce
E deve ter um nome
Que seja o sinal dessa dignidade.
Ao Sol chamamos Sol
E à Vida chamamos Vida.
Uma criança terá o seu nome também.
E ela nasce numa terra determinada
Que a deve proteger.
Chamemos-lhe Pátria a essa terra,
Mas chamemos-lhe antes Mundo...

...e nesse Mundo ela vai crescer:
Já sua mãe teve o direito
A toda a assistência que assegura um nascer perfeito.
E, depois, a criança nascida,
Depois da hora radial do parto,
A criança deverá receber
Amor,
Alimentação,
Casa,
Cuidados médicos,
O amor sereno de mãe e pai.
Ela vai poder
Rir,
Brincar,
Crescer,
Aprender a ser feliz...

....mas há crianças que nascem diferentes
E tudo devemos fazer para que isto não aconteça.
Vamos dar a essas crianças um amor maior ainda.

E a criança nasceu
E vai desabrochar como
Uma flor,
Uma árvore,
Um pássaro.
E
Uma flor,
Uma árvore,
Um pássaro,
Precisam de amor - a seiva da terra, a luz do Sol.
De quanto amor a criança não precisará?
De quanta segurança?
Os pais e toodo o Mundo que rodeia a criança
Vão participar na aventura
De uma vida que nasceu.
Maravilhosa aventura!
Mas se a criança não tem família?
Ela tê-la-á, sempre: numa sociedade justa
Todos serão sua família.
Nunca mais haverá uma criança só,
Infância nunnca será solidão.

E a criança vai aprender a crescer.
Todos temos de a ajudar!
Todos!
Os pais, a escola, todos nós!
E vamos ajudá-la a descobrir-se a si própria
E os outros.
Descobrir o seu mundo,
A sua força,
O seu amor,
Ela vai aprender a viver
Com ela própria
E com os outros:
Vai aprender a fraternidade,
A fazer fraterninadade.
Isto chama-se educar:
Saber isto é aprender a ensinar.

Em situação de perigo
A criança, mais do que nunca,
Está sempre em primeiro lugar...
Será que o Sol que não se apaga
Com o nosso medo,
Com a nossa indiferença:
A criança apaga, por si só,
Medo e indiferença das nossas frontes...

A criança é um mundo
Precioso,
Raro.
Que ninguém a roube,
A negoceie,
A explore
Sob qualquer pretexto.
Que ninguém se aproveite
Do trabalho da criança
Para seu próprio proveito.
São livres e frágeis as suas mãos,
Hoje:
Se as mãos magoarmos
Elas poderão continuar
Livres
e ser a força do Mundo
Mesmo que frágeis continuem...

A criança deve ser respeitada
Em suma,
Na dignidade do seu nascer,
Do seu crescer,
Do seu viver.
Quem amar verdadeiramente a criança
Não poderá deixar de ser fraterno:
Uma criança não conhece fronteiras,
Nem raças,
Nem classes sociais:
Ela é o sinal mais vivo do amor,
Embora, por vezes, nos possa parecer cruel.
Frágil e forte, ao mesmo tempo,
Ela é sempre a mão da própria vida
Que se nos estende,
Nos segura
E nos diz:
Sê digno de viver!
Olha em frente!



«Os Direitos das Crianças», de Matilde Rosa Araújo
in As Crianças, Todas as Crianças,
Livros Horizonte, Lisboa, 1979.