terça-feira, 8 de dezembro de 2009

“Meninos de todas as cores”

Continuando com a temática do respeito pela diferença, aqui vai mais uma actividade que desenvolvi com os meus meninos...

Fiz uma pequena adaptação do texto “Meninos de todas as cores” de Luísa Ducla Soares para fazer um pequeno teatro de fantoches.

Depois de fazer a exploração do teatro de fantoches utilizei também algumas imagens de crianças de diferentes raças para que as crianças tivessem uma maior percepção da variedade de raças e das suas características próprias e tão diferentes de cultura para cultura.

Aproveitei o diálogo e fui falando também acerca de alguns valores (como a amizade, solidariedade, respeito por si e pelo próximo…).

Como as crianças adoraram expressão plástica, decidi levar uma figura de um(a) menino(a) e, com recurso à colagem de pequenas peças de vestuário de tecido de diferentes padrões e texturas, convidei-os a "construirem" um amiguinho, ao qual posteriormente teriam de dar um nome.



Para que todos podessem admirar os "novos amiguinhos" que criaram, elaboramos um painel colectivo onde colocámos todos os "amiguinhos" e um pequeno cartaz com frases ditas pelas crianças acerca do que é ser amigo e respeitar o próximo.




Terminámos com um registo gráfico (desenho) acerca do teatrinho de fantoches que tanto adoraram!

Aqui fica a adaptação que fiz se alguém estiver interessado:




"Meninos de todas as Cores"



Era uma vez um menino branco, chamado Miguel, que vivia numa terra de meninos brancos e dizia:

É bom ser branco porque é branco o açúcar, tão doce
porque é branco o leite, tão saboroso
porque é branca a neve, tão linda.
Mas certo dia o menino partiu numa grande viagem e chegou a uma terra onde todos os meninos são amarelos. Arranjou uma amiga, chamada Flor de Lótus que, como todos os meninos amarelos, dizia:
É bom ser amarelo porque é amarelo o sol
e amarelo o girassol
mais a areia amarela da praia.
O menino branco meteu-se num barco para continuar a sua viagem e parou numa terra onde todos os meninos são pretos. Fez-se amigo de uma linda menina chamada Lumumba que, com os outros meninos pretos, dizia:
É bom ser preto como a noite
preto como as azeitonas
preto como as estradas que nos levam a toda a parte.

O menino branco entrou depois num avião, que só parou numa terra onde todos os meninos são vermelhos. Escolheu, para brincar aos índios, um menino chamado Pena de Águia. E o menino vermelho dizia:

É bom ser vermelhoda cor das fogueiras
da cor das cerejas
e da cor do sangue bem encarnado.

O menino branco foi correndo mundo até uma terra onde todos os meninos são castanhos. Aí fazia corridas com uma menina chamada Bibá, que dizia:

É bom ser castanhocomo a terra do chão
os troncos das árvores
é tão bom ser castanho como o chocolate.

Quando o menino voltou à sua terra de meninos brancos, dizia:
é bom ser branco como o açúcar
amarelo como o sol
preto como as estradas
vermelho como as fogueiras
castanho da cor do chocolate.

Enquanto, na escola, os meninos brancos pintavam em folhas brancas desenhos de meninos brancos, ele fazia grandes rodas com meninos sorridentes de todas as cores.

Adaptado de Luísa Ducla Soares, O Meio Galo, Edições Asa

Sem comentários: